Café com as Mulheres - Especiais 8 de Março
“É preciso compreender que classe informa a raça. Mas raça, também, informa a classe. E gênero informa a classe. Raça é a maneira como a classe é vivida. Precisamos refletir bastante para perceber as intersecções entre raça, classe e gênero, de forma a perceber que entre essas categorias existem relações que são mútuas e outras que são cruzadas. Ninguém pode assumir a primazia de uma categoria sobre as outras.” (Ângela Davis, Mulheres, Raça e Classe)
“Quando nós, mulheres negras, experimentamos a força transformadora do amor em nossas vidas, assumimos atitudes capazes de alterar completamente as estruturas sociais existentes. Assim poderemos acumular forças para enfrentar o genocídio que mata diariamente tantos homens, mulheres e crianças negras. Quando conhecemos o amor, quando amamos, é possível enxergar o passado com outros olhos; é possível transformar o presente e sonhar o futuro. Esse é o poder do amor. O amor cura.” (Bell Hooks – Tradução de Maísa Mendonça, Vivendo de Amor)
MULHER NEGRA E PREVIDÊNCIA SOCIAL SÃO TEMAS DE SEMINÁRIO NA SEFAZ /CE
Se ser mulher ainda é difícil no Brasil, ser mulher e negra é enfrentar
além do machismo o racismo, portanto dificuldades em dobro. A questão, mais atual do que nunca, foi
assertivamente abordada no seminário “Mulher, Resistência e Luta” promovido quinta-feira,
16 de março, pelo SINTAF, no auditório da SEFAZ. O Fórum de Mulheres no Fisco - FMFi esteve presente com a coordenadora Alexandrina Mota e a assessora de
imprensa Silvia Carla Araújo.
Sílvia Carla e Alexandrina Mota |
O assunto mais comentado do momento, a reforma da previdência, foi tratado
na perspectiva da mulher trabalhadora pela representante do SINTAF e também coordenadora do FMFi, Ana Maria Cunha. Com as novas regras, a mulher, já sobrecarregada
pela dupla e até tripla jornada de trabalho (na empresa, cuidando dos filhos e
marido e da organização da casa) terá que trabalhar o mesmo tempo que o homem,
ou seja, cinco anos a mais. Ana Maria acredita que só uma mobilização nacional
com adesão maciça das mulheres poderá reverter essa que será a pior herança
desse governo.
A mulher negra
A política de encarceramento que vitima, em sua maioria, mulheres negras,
jovens e de baixa renda foi abordada por
Sara Menezes, militante do movimento iNegra. Até o sagrado direito de escolher
uma religião e praticá-la ainda é uma luta se essa religião for o candomblé,
trazida pelos negros escravizados e incorporada à cultura brasileira. Os
terreiros, onde predominam mulheres negras, são alvos constantes de
perseguição. A professora da UNILAB, Patrícia Matos, falou da perseguição
sofrida pelas praticantes dos cultos afros em flagrante e constante desrespeito
à nossa Constituição.
Sílvia Carla e Alexandrina Mota |
*Silvia Carla Araújo Rocha
JORNALISTA PROFISSIONAL
(85) 9904.3443/ 8942.5390
Café com as Mulheres Especiais 8 de Março
Por Marcelo Pires*
"Café com as Mulheres" (especiais 8 de Março), que tem dois objetivos principais: trazer à reflexão e ao debate algumas questões do feminismo na perspectivas das mulheres feministas socialistas, feministas negras e fatos/ personagens históricas invisibilizadas, e também como uma modesta homenagem que presto às mulheres e suas lutas! Grato. Marcelo Pires
“O Dia Internacional da Mulher, como data de forte significado para o
movimento de mulheres que se desenvolvia na Europa no período de passagem do
século 19 para o século 20 e, na atualidade, para as mulheres de todo o mundo,
não surgiu do nada, assim como todo acontecimento histórico. Seu nascimento
teve como base ideológica as teorias socialistas da segunda metade do século
19. E não podia ser de oura forma, já que foram os socialistas os que dedicaram
mais espaço em seus escritos e mais tempo em suas atividades políticas à
chamada “questão da mulher”. Conscientes da situação de inferioridade e
opressão que as mulheres sofriam na sociedade e na família, e de que a posição
delas havia piorado com seu acesso ao trabalho remunerado, os socialistas
faziam coincidir as causas das mulheres com as do proletariado já que, segundo
suas teorias, a solução de todos os problemas de ambos os grupos estava na
futura sociedade socialista, na qual a propriedade privada dos meios de
produção, raiz de todos os males da sociedade capitalista, seria eliminada.
Portanto, para que as mulheres participassem na luta proletária e para que a
revolução socialista fosse bem sucedida - promessa de um futuro portador de
esperanças para mulheres e operários-, era necessário incluí-las nos programas
dos partidos socialistas e desenvolver um intenso trabalho de agitação e
educação política entre elas, educação a que as mulheres jamais tinham tido
acesso.” (Ana Isabel Álvarez González, As origens e a comemoração do Dia
Internacional das Mulheres)
“Um 8 de março militante é parte do projeto de construção de um movimento
de mulheres forte, capaz de atuar em conjunto com outros movimentos sociais,
aglutinando as militantes organizadas também nos movimentos e organizações
sociais mistos, em torno de uma plataforma que articule a luta pela igualdade
entre mulheres e homens com a luta pela transformação das relações de classe e
de raça. Em síntese, trata-se de atuar para que uma perspectiva que integre a
luta pela igualdade, anticapitalista, antirracista e antipatriarcal seja o eixo
estruturador do movimento de mulheres, um movimento feminista e socialista. ”
(Ana Isabel Álvarez González, As origens e a comemoração do Dia Internacional
das Mulheres)
Dando continuidade às tirinhas do Café com as Mulheres em homenagem ao 8
de março, a partir de amanhã até o dia 31/03 compartilharemos algumas contribuições
de mulheres feministas africanas, marxistas, cientistas, negras, brasileiras,
invisibilizadas pelo patriarcado e pelo capitalismo, silenciadas pelo machismo
e pela misoginia das estruturas positivistas dos currículos escolares, das
disciplinas universitárias, das pautas jornalísticas... A cada dia que passa, a
cada nova leitura percebo o quanto ainda temos a aprender com e sobre as
mulheres, suas histórias e suas lutas.
A todas as mulheres, neste 8 de março: parabéns e obrigado por lutarem! A
luta das mulheres é a mais justa, a mais digna e a mais longa!
Até amanhã com mais uma tirinha...
(Marcelo Pires)
“É necessário insistir nos aspectos sombrios da vida de
matrimonial hoje, sobre o sofrimento das mulheres que estão intimamente ligadas
às estruturas familiares atuais. Há muito o que há dito sobre este assunto. A
literatura está cheia de caixas-pretas que pintam a nossa desordem familiar e
matrimonial. Neste campo, quantas tragédias psicológicas, quantas vidas
mutiladas, quantas existências envenenadas! Por enquanto, só importa ressaltar
que a atual estrutura familiar oprime as mulheres de todas as classes e
condições sociais. Costumes e tradições perseguem a mãe solteira da mesma
forma, seja qual for o setor da população a que pertence, as leis colocam sob a
tutela do marido tanto a mulher burguesa, como a proletária e a camponesa.” (Alexandra Kollontai, Os Fundamentos Sociais da Questão Feminina)
“Vivendo numa
sociedade fundamentalmente anti-intelectual e difícil para os intelectuais
comprometidos e preocupados com mudanças sociais radicais, é preciso afirmar
sempre que o trabalho que fazemos tem impacto significativo nos círculos
políticos progressistas, nos quais o trabalho dos intelectuais raramente é
reconhecido como uma forma de ativismo. Na verdade, expressões mais visíveis de
ativismo concreto (como fazer piquetes nas ruas ou viajar para um país do
Terceiro Mundo e outros atos de contestação e resistência) são consideradas
mais importantes para a luta revolucionária que o trabalho mental. E é essa
desvalorização do trabalho intelectual que muitas vezes torna difícil para
indivíduos que vêm de grupos marginalizados considerarem importante o trabalho
intelectual, isto é, vê-lo como uma atividade politicamente útil.” (Bell
Hooks, Intelectuais Negras)
“Uma publicação de
1981 de estudos sobre a saúde da mulher descobriu que, em relação ao estudo
sobre mulheres, havia duas vezes mais pesquisas sobre mulheres relacionadas ao
parto e criação de filhos do que a outros problemas de saúde. Apesar deste foco
na saúde reprodutiva, nenhum dos mais de 15 institutos e centros que constituem
o Instituto Nacional de Saúde e Desenvolvimento Humano (EUA) dedica-se à
ginecologia e obstetrícia. No final da década de 1980 este que é o maior
instituto de pesquisa em saúde humana, contava com apenas três
obstetras-ginecologistas em sua equipe permanente, e empregava mais
veterinários (quinze) que ginecologistas. Obstetrícia e ginecologia têm sido
parte do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano onde o foco
é a saúde de bebês e crianças, e não mulheres que deram à luz a elas.” (Londa
Schienbinger, O Feminismo Mudou a Ciência?)
Arte:
Poeta Arienaldo Viana
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“Resgatar as realizações de grandes mulheres cientistas - de
Hipatia, a famosa matemática da Grécia antiga, a Marie Curie - tornou-se uma
tarefa central na década de 1970. Dois desafios tornavam esse projeto urgente.
O primeiro era a necessidade de encontrar mulheres que haviam de fato criado
ciência para se opor à noção de que as mulheres simplesmente não podem fazer
ciência, que algo na constituição de seus cérebros ou corpos impede progresso
neste campo. O segundo era o desejo de criar modelos de papéis para mulheres
jovens ingressando na ciência para contrabalançar estereótipos
masculinos.” (Londa Schienbinger,
O Feminismo Mudou a Ciência?)
“Se este sexo
altivo quer fazer-nos acreditar que tem sobre nós um direito natural de
superioridade, por que não nos prova o privilégio, que para isso recebeu da
Natureza, servindo-se de sua razão para se proclamarem os “vencedores”? Têm
porventura eles alguns títulos para justificar o direito com que reclamam os
nossos serviços, que nós não tenhamos contra eles?” (Nísia Floresta, Direitos das
mulheres e injustiça dos homens)
“O enorme espaço
que o trabalho ocupa hoje na vida das mulheres negras segue um padrão
estabelecido nos primeiros dias da escravidão. Como escravas o trabalho
compulsono obscurecia todos os outros aspectos da existência das mulheres.
Parece pois que o ponto de partida para uma investigação da vidas das negras
sob a escravidão seria uma avaliação de seus papeis como trabalhadoras.” (Ângela Davis, Gênero, Raça e Classe)
“A aspiração das
mulheres à igualdade de direitos não pode ser plenamente satisfeita apenas pela
luta por emancipação política, a obtenção de um doutoramento ou outras
qualificações acadêmicas, ou um salário igual ao mesmo posto de trabalho. Para
se tornar verdadeiramente livre, a mulher deve desatar as correntes que o joga
sobre a forma atual, antiquada e opressiva da família. Para as mulheres, a
solução para o problema familiar não é menos importante do que a conquista da
igualdade política e o estabelecimento da independência econômica completa.” (Alexandra Kollontai, Os Fundamentos Sociais da Questão Feminina)
“Uma cultura focada
na magreza feminina não revela uma obsessão com a beleza feminina. É uma
obsessão sobre a obediência feminina. Fazer dietas é o sedativo político mais
potente na história das mulheres; uma população passivamente insana pode ser
controlada.” (Naomi Wolf, O Mito da Beleza)
→ Wolf nasceu em São Francisco, em 1962, com
ascendência judia, é filha dos também escritores, Deborah Goleman,
antropóloga e autora de "The Lesbian Community" e Leonard Wolf. Foi
casada com o antigo assistente e escritor dos discursos de Bill Clinton,
David Shipley, com quem teve dois filhos, divorciando-se em 2005.
“Escrevo a miséria e a vida infausta dos favelados. Eu era revoltada, não acreditava em ninguém. Odiava os políticos e os patrões, porque o meu sonho era escrever e o pobre não pode ter ideal nobre. Eu sabia que ia angariar inimigos, porque ninguém está habituado a esse tipo de literatura. Seja o que Deus quiser. Eu escrevi a realidade.” (Carolina Maria de Jesus, Quarto de Despejo)→ Carolina Maria de Jesus (1914-1977). Moradora da favela do Canindé, zona norte de São Paulo, ela trabalhava como catadora e registrava o cotidiano da comunidade em cadernos que encontrava no lixo. Ela é considerada uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil.
Zenilse Rebouças - Alexandrina Mota - Sônia Gomes |
“A competição das mulheres dentro do mercado de trabalho é a força que
move a resistência dos homens contra as demandas daqueles que advogam pelos
direitos das mulheres burguesas. Pura e simplesmente, medo da competição. Todas
as outras razões que são listadas contra o trabalho feminino qualificado, como o
cérebro feminino ser menor e a tendência natural das mulheres a serem mães são
apenas pretextos. Esta batalha coloca as mulheres deste estrato social diante
da necessidade de exigir seus direitos políticos, lutando politicamente,
derrubando todas as barreiras que foram criadas contra a sua atividade
econômica.” (Clara Zetkin, Apenas junto com as mulheres proletárias o
socialismo será vitorioso)
Sônia Gomes (FMFi) no 8 de Março 2017 |
“Os resultados de estudos sobre homens, os diagnósticos decorrentes,
medidas preventivas e tratamentos foram, de modo geral, extrapolados para
mulheres. Seria altamente incomum presumir que os resultados de estudos sobre
mulheres fossem aplicáveis aos homens. As mulheres também foram excluídas de
experiências com drogas, embora elas consumam aproximadamente 80 por cento das
drogas medicinais nos Estados Unidos. [...] Os investigadores defenderam a
escolha de homens como sujeitos de pesquisa, com o pretexto de que os homens
são mais baratos e mais fáceis de estudar. Os ciclos hormonais femininos
normais são considerados problemas metodológicos que complicam a análise e a
tornam mais custosa.” (Londa Schienbinger, O Feminismo Mudou a Ciência?)
Debate sobre Reforma da Previdência e
Sônia Gomes / Deputada Federal Luizianne Lins lançamento de cartilha de bolso e bolsa da Mulher Empoderada Zenilse Rebouças / Alexandrina Mota |
“Quando eu vou na cidade tenho a impressão de que estou no paraíso. Acho
sublime ver aquelas mulheres e crianças tão bem vestidas. Tão diferentes da
favela. As casas com seus vasos de flores e cores variadas. Aquelas paisagens
há de encantar os visitantes de São Paulo, que ignoram que a cidade mais
afamada da América do Sul está enferma. Com as suas úlceras. As favelas.”
(Carolina Maria de Jesus, Quarto de Despejo)
“Se cada homem, em particular, fosse obrigado a declarar o que sente a
respeito de nosso sexo, encontraríamos todos de acordo em dizer que nós somos
próprias, se não para procriar e nutrir nossos filhos na infância, reger uma
casa, servir, obedecer e aprazer aos nossos amos, isto é, a eles, homens [...].
Entretanto, eu não posso considerar esse raciocínio senão como grandes
palavras, expressões ridículas e empoladas, que é mais fácil dizer do que
provar.” (Nísia Floresta, Direitos das mulheres e injustiça dos homens)
“Eu não desejo que as mulheres tenham poder sobre os homens, mas sobre si
mesmas.” ( Mary Wollstonecraft, Reivindicação dos direitos da mulher)
"Quando seu filho está chateado e chora, você diz a ele: "Não,
não chore, seja duro". Eu não gosto disso. Acho que deveríamos falar mais
para os meninos sobre a ideia de vulnerabilidade, não fazê-los pensar que eles
precisam provar que são fortes. Isso é parte do problema com a masculinidade, é
parte do problema de os homens serem emocionalmente reprimidos. Porque eles não
aprenderam isso, não receberam as ferramentas para isso. A gente precisa
redefinir masculinidade.Também acho que há certas coisas que nós ensinamos aos
meninos que nós precisamos ensinar às meninas também. A ideia de ser confiante,
de não se desculpar por defender suas ideias, seus direitos." (Chimamanda
Ngozi Adichie, Entrevista à BBC)
“Historicamente, então, os modelos médicos das diferenças sexuais operaram
de vários modos. A "ciência sexual" tipicamente usou provas médicas
para defender a desigualdade social das mulheres, usando um paradigma da
radical diferença física e intelectual. Na medicina de modo geral, quando a
saúde está em jogo, a pesquisa vacilou entre ressaltar a igualdade e a
diferença. Este legado levou pesquisadores atuais a supor que as doenças de
homens e mulheres são semelhantes, quando de fato não são; ou que as doenças de
homens e mulheres são diferentes, quando de fato são semelhantes. O paradigma
da igualdade teve como consequência que certos aspectos da saúde das mulheres
fossem pouco estudados, como por exemplo, a interação entre a terapia de
estrógeno e doenças cardiovasculares. O paradigma da diferença radical foi
proeminente no diagnóstico, em que as queixas das mulheres, geralmente, são
descartadas como psicossomáticas. (Atribui-se a proporções mais altas de
mulheres, que de homens, diagnósticos de "sintomas e sinais não
específicos" tanto nos registros de serviços de saúde como em atestados de
óbito.)” (Londa Schienbinger, O Feminismo Mudou a Ciência?)
"De fato, deve-se a Marx e a Engels o estabelecimento, pela primeira
vez, da relação entre a revolução socialista, da libertação das mulheres e a
luta pela igualdade de direitos, conceitos que se repetirão ao longo deste
ensaio por serem os motivos que inspiraram, em suas origens, o Dia
Internacional da Mulher. O que as mulheres buscavam no socialismo era o
reconhecimento e o respeito a seus direitos, bem como o instrumento que as
conduziria, junto ao restante dá humanidade, à sua libertação."(Ana Isabel
Alvarez González, As origens e a comemoração do Dia Internacional das Mulheres)
"A revolução do proletariado, que acaba de começar, não pode ter
nenhum outro fim nem nenhum outro resultado a não ser a realização do
socialismo. Antes de tudo, a classe operária precisa tentar obter todo o poder
político estatal. Mas para nós, socialistas, o poder político é apenas meio. O
fim para o qual precisamos utilizar o poder é a transformação radical da
situação econômica como um todo." (Rosa Luxemburgo, A Socialização da
Sociedade)
"A história de toda a sociedade até aqui é a história de lutas de
classes."
(Manifesto do Partido Comunista, Marx e Engels)
Assim como Darwin descobriu a lei do desenvolvimento da Natureza
orgânica, descobriu Marx a lei do desenvolvimento da história humana: o simples
fato, até aqui encoberto sob pujanças ideológicas, de que os homens, antes do
mais, têm primeiro que comer, beber, abrigar-se e vestir-se, antes de se
poderem entregar à política, à ciência, à arte, à religião, etc; de que,
portanto, a produção dos meios de vida materiais imediatos (e, com ela, o
estágio de desenvolvimento econômico de um povo ou de um período de tempo)
forma a base, a partir da qual as instituições do Estado, as visões do Direito,
a arte e mesmo as representações religiosas dos homens em questão, se
desenvolveram e a partir da qual, portanto, têm também que ser explicadas — e
não, como até agora tem acontecido, inversamente. (Friedrich Engels, Discurso
Diante do Tumulo de Karl Marx , 1883)
"O ciumento necessita de um escravo; o ciumento pode amar, mas o amor
é para ele apenas um sentimento extravagante; o ciumento é antes de tudo um
proprietário privado." (Sobre o Suicídio, Karl Marx)
"Graças à cooperação da mão, dos órgãos da linguagem e do cérebro,
não só em cada indivíduo, mas também na sociedade, os homens foram aprendendo a
executar operações cada vez mais complexas, a propor-se e alcançar objetivos
cada vez mais elevados. O trabalho mesmo se diversificava e aperfeiçoava de
geração em geração, estendendo-se cada vez a novas atividades. A caça e à pesca
veio juntar-se a agricultura, e mais tarde a fiação e a tecelagem, a elaboração
de metais, a olaria e a navegação. Ao lado do comércio e dos ofícios
apareceram, finalmente, as artes e as ciências; das tribos saíram as nações e
os Estados. Apareceram o direito e a política, e com eles o reflexo fantástico
das coisas no cérebro do homem: a religião. Frente a todas essas criações, que
se manifestavam em primeiro lugar como produtos do cérebro e pareciam dominar
as sociedades humanas, as produções mais modestas, fruto do trabalho da mão,
ficaram relegadas a segundo plano, tanto mais quanto numa fase muito recuada do
desenvolvimento da sociedade (por exemplo, já na família primitiva), a cabeça
que planejava o trabalho já era capaz de obrigar mãos alheias a realizar o
trabalho projetado por ela." (O Papel do Trabalho na Transformação
do Macaco em Homem, Friederich Engels)
"Se a união é verdadeiramente necessária, escrevia Marx aos
dirigentes do partido, façam acordos para realizar os objetivos práticos do
movimento, mas não cheguem, ao ponto de fazer comércio dos princípios, nem
façam "concessões" teóricas. Tal era o pensamento de Marx, e eis que
há entre nós pessoas que, em seu nome, procuram diminuir a importância da
teoria! Sem teoria revolucionária, não há movimento revolucionário. Não seria
demasiado insistir sobre essa ideia em uma época, onde o entusiasmo pelas
formas mais limitadas da ação prática aparece acompanhado pela propaganda em
voga do oportunismo." (Que Fazer? Vladimir Lenin)
* Marcelo Pires Mendonça - Professor de História da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal
WattsApp: 55 61 98199
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REFLEXÕES ACERCA DA OBRA DE LONDA SCHIENBINGER
Ao relatar as consequências das desigualdades de gênero nas áreas médica
e farmacêutica, Londa Schienbinger demonstra como o patriarcado influenciou de
tal forma a ciência que levou pesquisadores a supor que as doenças de homens e
mulheres eram semelhantes, quando de fato não eram; ou que as doenças de homens
e mulheres eram diferentes, quando de fato eram semelhantes. Desta forma,
inúmeros aspectos da saúde das mulheres têm sido pouco estudados ou até mesmo
negligenciados.
*por: Luciana
da Luz Silva e Marcelo Pires Mendonça
16 de março de 2017
Fonte: Diplomatique.org
Fonte: Diplomatique.org